sexta-feira, 13 de março de 2009

Rigor com um lado só

O Projeto de Lei que altera o Estatuto do Torcedor, assinado pelo presidente Lula nesta sexta-feira, já é alvo de críticas de torcedores, principalmente de organizadas.

A primeira reclamação é pela ausência de diálogo entre essas torcidas e o governo na formulação do pacote de medidas. O debate com toda a sociedade civil é essencial para a criação de leis justas. Nesse caso, as organizadas são parte do problema e da solução da violência nos estádios e, por isso, deveriam ter sido consultadas.

Mas a principal reclamação é que o Projeto de Lei fala em aumentar o rigor com torcedores brigões, o que realmente deve ser feito, mas não versa sobre a punição à violência policial.

Na maioria dos últimos casos de barbárie em estádios no Brasil, a polícia não só esteve envolvida, como também foi uma das principais responsáveis por eles, vide o confronto com a torcida do Corinthians no Morumbi em jogo contra o São Paulo no qual mais de 40 alvinegros ficaram feridos.

Se o rigor será o instrumento para tirar torcedores violentos do futebol, deve ser o instrumento também para afastar policiais despreparados e que usam de força desnecessária, potencializando brigas em vez de contê-las.

Veja abaixo depoimentos de diretores de torcidas organizadas sobre esse assunto. Eles foram tirados de reportagem de Marco Antonio Soalheiro para a Agência Brasil.

“De vez em quando a PM também faz coisas que não deve, passa dos limites, agride sem necessidade. Como seremos penalizados, eles também têm que ser” – Pedro Luiz Ribeiro Hansen, presidente da Força Jovem do Santos.

“Violência gera violência. Às vezes, tem só dois elementos brigando numa arquibancada, a polícia chega agredindo geral e a coisa se espalha” – Leonardo Sansão, presidente da torcida Jovem Fla.

Na reportagem, eles também comentaram o cadastramento de torcedores organizados e “comuns”, que pelo projeto, será obrigatório a todos que frequentarem os estádios.

“Aqui em São Paulo melhorou bastante (depois do cadastramento das organizadas, iniciado há dois anos). Os vândalos acabam se reprimindo, porque estão identificados e é tudo filmado” – Hansen.

“Isso é bom para a gente, porque muita coisa que hoje cai na culpa da torcida organizada é provocada por outras questões, como rixas de bairro ou brigas de baile funk” – Sansão.

Nesse vídeo abaixo, da Globo News, há mais opiniões sobre as medidas adotadas pelo Governo.

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