quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Tudo nos conformes...

Matéria publicada na Folha de S. Paulo nesta quarta-feira:

Estádios impróprios "jogam" em 2008

A poucas horas de expirar o prazo para entrega de laudos técnicos, 31 palcos de futebol pelo país tinham veto da CBF Confederação deve dar aval à maioria das arenas esportivas, porém muitas já receberam partidas dos Estaduais nesta temporada

FÁBIO GRIJÓ e RODRIGO BUENO

A CBF listava até anteontem à noite 31 estádios no país com alguma carência de segurança, e boa parte dessas praças esportivas, que deve ser liberada para jogos da Copa do Brasil e da Taça Libertadores, já recebeu partidas nesta temporada.

Duelos do Paulista e do Estadual do Rio, por exemplo, já foram disputados na Rua Javari, no Marcelo Stéfani, em Conselheiro Galvão e no Raulino de Oliveira, alguns dos estádios que não estavam em dia com os laudos técnicos pedidos pela CBF até ontem, prazo final para a entrega dos mesmos.

A entidade que rege o futebol brasileiro, que teve seu diretor técnico, Virgílio Elísio, indiciado por causa da morte de sete pessoas, esperava pelos laudos pendentes até a meia-noite de ontem. Quem não atender às exigências não receberá jogos em nenhuma fase dos torneios.""Estão chegando alguns dos laudos pendentes, mas ainda faltam um ou outro", falou ontem à tarde José Dias, do departamento técnico da CBF.

O Juventus, que hoje recebe na Rua Javari a Portuguesa, já atuou em seu campo neste ano mesmo sem a aprovação do Corpo de Bombeiros, segundo a CBF. O Bragantino, que hoje é mandante contra a Ponte Preta, já jogou no Marcelo Stéfani mesmo sem o devido aval da Vigilância Sanitária para seu estádio, também segundo a CBF."

"Não tivemos contato com a CBF. Passamos laudos para a Federação Paulista de Futebol. Talvez tenha havido algum problema de comunicação entre ela e a CBF. Mas conversei com o senhor Dias [da CBF], e está tudo certo agora", falou Celso Abraão, gerente de futebol do Juventus, que espera usar a Rua Javari na Copa do Brasil.

Alguns dos mais importantes estádios do país, como o Maracanã, o Beira-Rio, o Olímpico e a Kyocera Arena, ainda lutavam ontem para sair da ""lista negra" da CBF. Algumas das principais praças paulistas, como Pacaembu, Parque Antarctica e Canindé, que ainda estão fora do Paulista, também foram colocadas contra a parede. Em Teresina, o Albertão, palco da estréia do Corinthians na Copa do Brasil, diante do Barras-PI, foi vistoriado no último dia 16 por técnicos do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), que recomendaram a interdição.

Também estavam presentes peritos do Corpo de Bombeiros e representantes da Vigilância Sanitária. Entre os problemas detectados no estádio, administrado pelo Estado do Piauí, estão infiltrações, condições ruins de bares e banheiros e risco nas arquibancadas.No Recife, o Arruda, do Santa Cruz, constava no relatório da CBF com laudos pendentes da PM, dos bombeiros e da Vigilância Sanitária. Apesar disso, o estádio tem recebido partidas do Pernambucano neste ano."Ainda estamos resolvendo [o laudo]. Metade dos banheiros já foi recuperada.

Nesta semana, vamos instalar extintores de incêndio", disse João Braga, presidente da comissão de patrimônio do Santa Cruz.No Rio, a Suderj, superintendência do governo estadual que gere o Maracanã, informou ter enviado à CBF o laudo da Vigilância Sanitária, que ainda deixava o estádio pendente, segundo a confederação.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Sobre a meia-entrada

Como apaixonados por futebol, nós da Casa do Torcedor, estudantes, já nos deparamos diversas vezes com a falta de meia-entrada em estádios. Em partidas com bom público, por vezes até uma hora antes do apito inicial do árbitro, já não há mais os ingressos pela metade do valor.

Por sinal, esses bilhetes especiais são encontrados freqüentemente nas mãos de cambistas.

No entanto, organizadores de eventos (jogos de futebol, por exemplo) não podem, por lei, limitarem a venda de meia-entrada. E se você poderia comprar esse tipo de ingresso, mas teve que comprar o normal, pode requerer reembolso.

Veja o que o Procon de São Paulo diz sobre o assunto na seção de perguntas freqüentes:

É correto os organizadores de eventos/shows limitarem a venda de meia-entrada?

Não. A concessão de meia entrada deve ser garantida para todos os alunos que se enquadram na Lei Estadual nº 7844, de 13/05/92 e Lei Municipal nº 13715, de 07/01/04, ou seja, estudantes do ensino fundamental, médio e superior, sendo estendido no município de São Paulo, para alunos de cursos pré-vestibulares, profissionalizantes (básico e técnico) e pós-graduação.

Se houver recusa no cumprimento da lei, o aluno, poderá adquirir o ingresso com valor integral e requerer posteriormente a devolução da quantia paga a maior, através de um órgão de defesa do consumidor ou o próprio Poder Judiciário. Para isto, deverá apresentar o ingresso e a identificação estudantil.


O Estatuto do Idoso determina que os cidadãos com 60 anos ou mais também têm o direito de pagar metade do valor do bilhete em arenas esportivas.

Em 2007, o Palmeiras foi autuado pelo Procon-SP por não disponibilizar meia-entrada para a partida diante do Ipatinga-MG pela Copa do Brasil. Na ocasião, o órgão de defesa do consumidor realizou uma fiscalização nas redondezas do estádio antes do jogo contra o time mineiro.

O clube autuado tem que responder processo administrativo e pode pagar multa que varia de R$ 212,82 a R$ 3.192.300,00, de acordo com o artigo 57 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Impreterivelmente, até terça-feira

Primeiro a CBF estabeleceu o dia 14 de janeiro como a data limite para as federações estaduais e clubes enviarem laudos técnicos dos estádios que vão sediar partidas da Copa do Brasil. Depois, passou para o dia 24 do mesmo mês.

Agora, a entidade avisa que até o dia 29, terça-feira da próxima semana, impreterivelmente (palavra da própria confederação), o clube que não tiver apresentado o laudo técnico de seu estádio jogará em uma outra arena.

A Diretoria de Competições da entidade não avisa quem ainda não entregou a documentação, mas só por prorrogar o prazo duas vezes, já deixa claro que foram poucos clubes.

Os laudos necessários são emitidos pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Vigilância Sanitária.

Veja ao pé da letra o artigo 23 do Estatuto do Torcedor, que aborda o assunto:
“Art. 23. A entidade responsável pela organização da competição apresentará ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal, previamente à sua realização, os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e autoridades competentes pela vistoria das condições de segurança dos estádios a serem utilizados na competição.
§ 1o Os laudos atestarão a real capacidade de público dos estádios, bem como suas condições de segurança.
§ 2o Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis meses, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade de prática desportiva detentora do mando do jogo em que:
I - tenha sido colocado à venda número de ingressos maior do que a capacidade de público do estádio; ou
II - tenham entrado pessoas em número maior do que a capacidade de público do estádio.”

A princípio, com Virgílio Elísio, diretor técnico da entidade, indiciado por homicídio culposo pela tragédia da Fonte Nova, a CBF parece ter aprendido a lição, e acerta ao cobrar com rigor clubes e federações. Espera-se que cumpra com o que disse, e realmente vete confrontos em estádios sem laudos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Sobre preços e rendas

Recomendo uma visita a este post do ótimo blog do jornalista Vladir Lemos, apresentador do Cartão Verde:
http://blogdovladir.blogspot.com/2008/01/os-nmeros-e-os-preos.html

Vladir critica a incongruência entre os valores dos preços dos ingressos do duelo entre Marília e Palmeiras, o público pagante e a renda anunciada da partida.

Incongruência esta que é, infelizmente, muito comum. Os números de "não-pagantes", aliás, sempre me deixaram bastante intrigado. Quem são essas pessoas, que diversas vezes aparecem aos milhares (nos jogos do Vasco em São Januário isso é corriqueiro).

Por fim, Vladir Lemos ainda critica do preço abusivo dos ingressos e sugere a criação de uma "agência nacional" ou algum órgão similar para controlá-los. A idéia é ótima, mas parece viável se houver um movimento amplo de torcedores e jornalistas insatisfeitos com os abusos.

Seja como for esse movimento, esteja certo, caro leitor, que a Casa do Torcedor apoiará.

Perigo à vista

A tragédia ocorrida na Fonte Nova escancarou a deterioração de estádios brasileiros e abriu uma onda de fiscalização e interdições das capengas arenas do país. Como diz o ditado, há males que vêm para o bem.

No entanto, há dirigentes ainda que preferem correr o risco de seguirem o caminho de Bobô, Ednaldo Rodrigues, Petrônio Barradas e companhia e, o pior, deixar em risco a vida de torcedores.

No momento, apenas dois dos 18 estádios do Mato Grosso do Sul têm laudos do Corpo de Bombeiros (também são necessários documentos da Polícia Militar e Vigilância Sanitária).

Entretanto, boa parte dos jogos do torneio estadual seguem sendo realizados em arenas que ainda não possuem os laudos, os quais garantem a segurança da torcida e dos atletas.

Os estádios de Inocência, Ivinhema, Naviraí e Rio Brilhantes receberam confrontos das primeiras rodadas mesmo sem possuir certificados que atestem a segurança de todos os envolvidos no evento.

Falta de extintores, iluminação de emergência, corrimão e guarda-corpo e finalização de rota de fuga são apenas alguns dos problemas desses estádios.

Que os responsáveis, desta vez, não sejam punidos apenas após um desatre.

Obras no Rei Pelé devem começar dentro de dois meses

Na última terça-feira, a comissão de engenheiros criada pelo Governo do Estado de Alagoas, em entrevista coletiva, declarou que as obras no estádio Rei Pelé devem começar dentro de dois meses, como informa o jornal Gazeta de Alagoas.

A reforma do Trapichão, como é conhecida a principal arena de Maceió, deve durar seis meses. Até ela ser concluída, provavelmente no fim de setembro, o estádio ficará liberado apenas parcialmente para duelos do Estadual e do Brasileirão da Série B. Dessa maneira, o clássico entre CRB e CSA, potenciais finalistas do Alagoano, deverá ser disputado em outro local.

As coisas estão mudando...

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Nunca é demais lembrar...

Os cinco indiciados por homicídio culposo pela tragédia de 25 de novembro de 2007 estão listados no post abaixo, mas acredito que vale deixar aqui este link:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2022236-EI6598,00.html

Veja o que o governador baiano Jacques Wagner fala na terceira pergunta de Bob Fernandes, exatamente um mês antes da tragédia, e tire suas próprias conclusões.

Cinco indiciados por tragédia na Fonte Nova

O inquérito que investigou as causas e os responsáveis pela tragédia da Fonte Nova, no ano passado, e que vitimou sete pessoas, foi concluído nesta terça-feira pela delegada Marilda Marcela da Luz, do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom).

Eis os indiciados por homicídio doloso (segundo a investigação, eles tinham condições de evitar o desastre, mas não tomaram as providências necessárias):

Bobô – superintendente da Sudesb (Superintendente do Desporto da Bahia) e ex-ídolo do Esporte Clube Bahia.

Virgílio Elísio – diretor técnico da CBF

Ednaldo Rodrigues – presidente da Federação Bahiana de Futebol

Petrônio Barradas – presidente do Bahia

Nilo Santos Júnior – engenheiro da Sudesb

Nem tudo está perdido neste país.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Inimiga da perfeição

O Campeonato Mineiro começa no próximo dia 27, e as diretorias de Social e Democrata-GV afirmaram ao site SuperEsportes que estão correndo contra o tempo para que seus estádios sejam liberados para abrigar as partidas de seus respectivos clubes.
Nunca é demais deixar o exemplo do que ocorreu com a Fonte Nova e vale lembrar que, como bem disse Flávio Gomes na noite da tragédia em Salvador na ESPN Brasil, "pintura não é reforma".
De acordo com a reportagem do SuperEsportes, o estádio do Social, o Louis Ensch é o que está em piores condições, e até a semana passada as obras de reformas dos banheiros estavam paralisadas, e a irrigação do gramado não funcionava. Nesta semana, um excedente de mão-de-obra e mais material de construção foram providenciados para concluir às pressas.
No Mammoud Abbas, em Governador Valadares, a diretoria do Democrata investiu, junto com a Prefeitura, R$ 250 mil diminuindo o espaço entre degraus e instalando corrimões e guarda-corpos para que sua arquibancada metálica, interditada desde agosto por falta de segurança, pudesse voltar a receber torcedores.Os antigos banheiros da arquibancada metálica também serão substituídos por banheiros químicos.
Com as reformas, a diretoria do clube de Governador Valadares espera que a vistoria do Corpo de Bombeiros libere o setor do estádio.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Aumento dos ingressos no Rio vai parar na Justiça

A Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), presidida pela deputada Cidinha Campos (PDT), ingressou nesta semana com uma Ação Civil Pública na 3ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio para que os valores cobrados pelos ingressos de jogos do Campeonato Carioca no Maracanã permaneçam os mesmos até que seja apresentada planilha de custos que demonstre a real necessidade do aumento da tarifa.
“Em vez de planilhas, os clubes, por meio de seus dirigentes, apresentaram aos torcedores justificativas desprovidas de qualquer conteúdo e que demonstram total desrespeito para com aqueles que são responsáveis por parcela considerável do sucesso do espetáculo protagonizado pelos jogadores nos gramados”, conta a deputada ao site da Alerj.
Assim, caso a juíza da 3ª Vara Empresarial conceda a liminar favorável à Comissão da Alerj, os aumentos devem ser anulados, e os torcedores que compraram bilhetes com os preços mais altos podem guardar o comprovante para tentar, em ação futura na Justiça, o ressarcimento.
Veja os preços das partidas no Maracanã após os aumentos: R$ 20 pela cadeira azul, R$ 30 pelas arquibancadas verde e amarela, R$ 40 pela arquibancada branca, e R$ 120 pela cadeira especial. Nas semifinais e finais, a cadeira azul passa para R$ 30, as arquibancadas verde e amarela chegam a R$ 40, as brancas valerão R$ 50, e as cadeiras especiais vão custar R$ 150.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Sem saber o que fazer

A onda de interdições de estádios pelo Brasil, que vem escancarando a deterioração das arenas esportivas do país, vem pegando de surpresa dirigentes que não contavam com uma reviravolta após a tragédia da Fonte Nova.
Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o Morenão foi interditado após estudos da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), que administra a arena, a qual abrigaria um jogo do Operário de Campo Grande neste fim de semana.
“Estamos atordoados e sem saber o que fazer”, afirmou Francisco Cezário, presidente da federação local ao jornal Correio do Estado.
Está marcado Cene e Palmeiras, pela Copa do Brasil, no estádio, no dia 27 de fevereiro. Até lá, um novo laudo deve dizer a Cezário o que fazer.

Presidente do Americano faz vistas grossas à interdição do Godofredo Cruz

A Defesa Civil e o Crea-RJ já deram a palavra: o estádio Godofredo Cruz não tem condições de receber jogos do Campeonato Carioca 2008, mas o presidente do Americano-RJ, César Gama, parece não ter entendido o recado.
“A parte social já está liberada. Tenho esse laudo do Corpo de Bombeiros em mãos, liberando para três mil pessoas, e vou disputar o Estadual no meu estádio. Cumprimos todas as exigências feitas no ano passado, estamos cumprindo tudo que é obrigatório pelo Código do Torcedor, agora, todo mundo quer aparecer depois da tragédia na Fonte Nova”, disse o mandatário do clube que já foi de Caixa D’Água, ao site Globoesporte.com.
A primeira partida marcada para o estádio no Estadual será dia 30 de janeiro, diante da Cabofriense.
No site da Federação de Futebol do Rio, a entidade também garante a realização dos duelos programados para a arena: “Os três Estádios citados, NÃO estão Interditados totalmente. O que ocorreu, foram pequenas exigências (por parte do Crea) para reparos em partes específicas dos estádios. As três agremiações, já estão tomando TODAS as providências cabíveis e necessárias para a realização das partidas programadas para esses estádios”, declara, referindo-se também ao Alair Corrêa, da Cabofriense, e ao Aniceto Moscoso, do Madureira.
Novas vistorias devem ser realizadas nos próximos dias pelo Crea-RJ e, espera-se, que a decisão do órgão seja acatada, pois diferentemente do que acha César Gama, ele não está querendo aparecer após a tragédia da Fonte Nova, só quer evitar outra como aquela.