terça-feira, 31 de março de 2009

Campinense vende pacote de ingressos para jogos em estádio sem condições de sediar Série B

Logo depois de divulgada a tabela da Série B do Campeonato Brasileiro deste ano, o Campinense-PB lançou a venda do pacote de ingressos para o torcedor que quiser pagar antecipadamente pelas entradas de todas as 19 partidas do clube em casa na competição. São R$ 380,00 para a arquibancada e R$ 190,00 para a geral.

Até aí tudo bem, cada vez mais os clubes vêm adotando essa prática. O problema é que o torcedor que comprar o pacote não pode ainda ter certeza de onde serão os jogos os quais ele está pagando pra ver. O estádio Amigão, de Campina Grande, onde o Campinense manda seus jogos, não oferece condições de sediar partidas da segunda divisão nacional e pode inclusive ser interditado.

A Câmara Municipal de Campina Grande divulgou nesta terça um relatório de inspeção do Amigão. Uma das conclusões do documento diz: “O estádio Ernany Sátiro (Amigão) encontra-se com diversas dificuldades estruturais e de funcionalidade, estando, portanto, com debilidades para uma boa prática esportiva e contrária ao atendimento cidadão que merecem os torcedores paraibanos e visitantes daquela praça esportiva”.

No relatório, pede-se que a curto prazo seja tomada uma série de medidas para que a Arena esteja adequada ao Estatuto do Torcedor e ao regulamento da Série B, como: melhoria dos banheiros, ampliação do número de portões de saída, implementação de circuito interno de câmeras de segurança, aquisição de novas catracas mecânicas, revisão da parte elétrica, revisão da estrutura física do estádio, entre outras. Veja o documento completo aqui.

O Amigão foi fundado em 8 de março de 1975 e, desde então, é uma obra inacabada, como o próprio relatório da Câmara de Campina Grande diz.

Interdição
Uma das polêmicas recentes envolvendo o estádio diz respeito à redução de sua capacidade devido à instalação de cadeiras em todas as áreas da arena. As obras de alocação de cadeiras foram interrompidas após a cassação do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) no fim do ano passado.

O deputado estadual Ruy Carneiro (PSDB), que havia iniciado as obras quando era secretário da Juventude, Esporte e Lazer da Paraíba, afirmou na segunda, em entrevista ao programa Paraíba Agora, da Rede Paraíba Sat, que o Amigão corre o risco de ser interditado se as obras não forem finalizadas a tempo. Segundo o deputado, a possibilidade da interdição ainda existe se o estádio também não adquirir novas catracas e câmeras de segurança.

Mas pelo relatório da Câmara, a reforma ainda vai demorar a começar. Será preciso convocar primeiro o Corpo de Bombeiros e outros órgãos competentes legais para fazer o cálculo da capacidade do número real de torcedores nas arquibancadas. E somente quando for divulgado esse número é que vão implantar cadeiras novas e assentos.

Ou seja, pelo andar da carruagem, as chances são grandes de o Campinense não jogar pelo menos as primeiras partidas da Série B no Amigão (e é importante que não jogue mesmo porque o estádio não oferece segurança nenhuma ao torcedor). Mas o que vai acontecer com o torcedor que comprar o pacote completo para os jogos no estádio? E se esse torcedor não puder ir ao outro estádio escolhido para o clube mandar suas partidas, já que seria provavelmente em outra cidade?

Como sempre, é o torcedor que leva a pior pelo descaso e irresponsabilidade de décadas do Governo da Paraíba, da Federação Paraibana de Futebol e dos próprios clubes que utilizam o Amigão.

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