De longe, do lado oposto da arquibancada lilás, do tobogã e da numerada, onde se presenciaram as principais cenas de violência no clássico do último domingo, entre Corinthians e Santos, não tenho embasamento suficiente pra tecer qualquer relato.
Por isso, vale a pena ressaltar os mais variados pontos de vista de quem esteve mais in loco, e participou, ou não, efetivamente dos atos naqueles espaços do estádio do Pacaembu.
"As imagens apresentadas da diretoria foram feitas posteriormente de tudo aquilo que ocorreu [no camarote]. A maneira como entramos e saímos do reservado não foram feitas. Incrível que ainda nós somos considerados os responsáveis. Coisas que realmente ninguém pôde filmar ocorreram. Fomos cuspidos, chutados" - Marcelo Teixeira, presidente do Santos, que assistiu à partida de um camarote, acima das numeradas, ao lado do setor em que ficaram reunidos os pouco mais de 2000 torcedores alvinegros praianos.
"Às vezes, prefiro tomar soco na cara e chutes por trás do que cusparadas. Agora não dá para ficar passivo diante de fatos que, infelizmente, as cenas não mostram" - idem
"O dirigente ao final do jogo abriu a janela do camarote onde estava e sem mais nem menos começou a provocar os torcedores corinthianos que se encontravam na área vip. Ria, gesticulava e incitava as pessoas que estavam naquele setor. Como se não bastasse, copos de água foram arremessados com força para baixo atingindo crianças e todos que estavam por lá, inclusive também fui premiado com um desses. E poderia ter acontecido ainda uma tragédia, pois os vidros da janela desse camarote eram chutados pelos seus ocupantes e não quebraram por milagre. Os gritos que saiam de lá eram: 'vocês vão ver lá na Vila Belmiro!'" - Benjamin Back, corintiano, colunista do Lance!, que também estava presente no setor VIP do estádio municipal.
"Assim que terminou o clássico, uma confusão tomou conta do Pacaembu. Um torcedor do Corinthians colocou uma faixa na grade que separava as duas torcidas, e a faixa foi tirada por um santista. Outros a pisotearam e botaram fogo no pedaço de tecido. Foi a senha para que a Polícia Militar entrasse em ação contra integrantes das duas torcidas, com golpes de cassetetes. Nos minutos após o apito final, 15 torcedores do Santos foram detidos. Um sinalizador foi atirado por integrantes de uma torcida organizada do time visitante", Alex Sabino, repórter do Estadão.
"Quando a tensão parecia diminuir, os ânimos foram inflamados por pessoas que estavam no camarote da diretoria do Santos. Os irmãos do presidente Marcelo Teixeira, Mohammed Teixeira e Milton Teixeira Filho, atiraram objetos e água nos torcedores corintianos nas numeradas. Gritavam que não demoraria e o Corinthians iria jogar na Vila Belmiro, já inflamando os ânimos para o próximo confronto entre as duas equipes, no Campeonato Brasileiro - ou talvez na fase final do Paulistão.Cercado por seguranças, o mandatário do clube saiu pelo setor onde estava a torcida do Santos cuspindo marimbondos e xingando policiais militares. "Venham me bater agora, seus f.d.p.! Por que não vêm agora? Podem bater no presidente do Santos...", berrou, enquanto era empurrado em direção à saída do estádio por assessores e seguranças mal-encarados. Nem os torcedores santistas, contudo, pouparam o cartola, xingando-o e criticando o time montado para a atual temporada" - idem
Na mesma linha, depoimento do ator Dan Stulbach, torcedor do Corinthians, e que acompanhou tudo do espaço MAIS CARO DO ESTÁDIO, onde os ingressos custavam de R$ 100,00 a R$ 150,00.
http://espnbrasil.terra.com.br/campeonatopaulista/noticia/40581_VIDEO+ATOR+DAN+STULBACH+TESTEMUNHA+E+ACUSA+DESCONTROLE+DE+MARCELO+TEIXEIRA
Quetões: responsabilidade e conscientização em uma praça esportiva têm efetivamente a ver com a condição econômica? Qual a peso, nesse episódio, dos torcedores organizados? Haverá um cadastro nacional de dirigentes e cartolas para que eles frequentem os estádios?
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