segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ministério Público recorre da decisão que absolveu Bobô e engenheiro de culpa na tragédia da Fonte Nova

No primeiro dia útil depois da decisão da Justiça que absolveu Bobô e Nilo Júnior de culpa pela tragédia da Fonte Nova, o Ministério Público da Bahia traz uma esperança para que a impunidade não seja mais uma marca do desrespeito ao torcedor.


Do Jornal A Tarde, de Salvador


"Nesta segunda-feira, 17, precisamente às duas horas da tarde, o promotor de Justiça criminal Maurício Cerqueira recorreu da decisão do juiz substituto da 10ª Vara Crime de Salvador, José Reginaldo Nogueira. Na última sexta-feira, o magistrado absolveu o diretor-geral da Superintendência dos Desportos da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares da Silva, o Bobô, e o ex-diretor de Operações da autarquia, engenheiro civil Nilo dos Santos Júnior.


Eles foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MP/BA), em março do ano passado, por homicídio culposo – sem intenção de matar – pela tragédia ocorrida no Estádio Octávio Mangueira (a Fonte Nova) em 25 de novembro de 2007. Na ocasião, sete torcedores morreram devido à ruptura de um degrau da arquibancada, no jogo entre Bahia e Vila Nova.


Ao ser questionado pela reportagem meia hora após ter dado entrada ao recurso, o promotor disse ter respeitado, porém, discordado da decisão do juiz José Reginaldo. Em matéria publicada no último sábado, em A Tarde, o magistrado esclarecia: “Desde maio estou com este processo em mãos, justamente para evitar a pressão externa sobre os acusados. O que constatei foi que não houve indícios de negligência dos dois réus e, por isso, esta foi a decisão”.


A sentença proferida porém, não é acordada pelo promotor Mauricio Cerqueira. “Ele [juiz] não avaliou a prova que tem no processo. Existem laudos periciais, informando que a Fonte Nova estava em péssimas condições. Os responsáveis pela manutenção eram Nilo Júnior e Raimundo Nonato, que tinham consciência e sabiam disso. Porém, não tomaram nenhum tipo de providência”, explicou por telefone.

Segundo Mauricio Cerqueira, os acusado vão ter um prazo de oito dias para lerem o recurso. Este, por sua vez, será encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado, onde um desembargador sorteado analisará todo o processo e, a partir daí, irá proferir uma decisão.

“Acredito que dentro de oito meses a um ano, já tenhamos um resultado definitivo”, destacou. Ao todo, o processo possui dezoito volumes. Cada um, tem 200 páginas.

“Por isso, não será algo rápido”, explicou o promotor, que só tomou conhecimento da absolvição no final de semana. “Estava trabalhando e não vi o resultado. Confesso que não esperava tal situação. Nem dormir, consegui direito”, concluiu.

Sudesb – Ao ter conhecimento do “novo recurso”, a promotora da Sudesb – autarquia estadual responsável pela administração da Fonte Nova – Adélia Habib reagiu com naturalidade e demonstrou não temer uma reviravolta na sentença.

“É um direito legal do promotor. Agora, o recurso vai para o Tribunal de Justiça. É uma decisão monocrática. Estamos tranquilíssimos. É só isso que temos para falar”, disse.

Improbidade – Em nota publicada nesta segunda, pelo site do Ministério Público Estadual, tanto Bobô quanto Nilo Júnior respondem a uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa ajuizada, no início deste mês, na 5ª Vara da Fazenda Pública pelos promotores de Justiça Rita Tourinho e Adriano Assis, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (Gepam).

O diretor e ex-engenheiro da Sudesb são acusados de descaso na condução da solução dos problemas estruturais da Fonte Nova e de terem destinado equivocadamente “uma verba de R$ 1,6 milhões para realização de obras de fachada, quando tinham consciência da necessidade de efetivação de reformas estruturais no estádio”."

domingo, 16 de agosto de 2009

Tragédias do acaso, obras da impunidade

Lembram quando um degrau da arquibancada da Fonte Nova se rompeu durante um jogo do Bahia e sete pessoas morreram?


Isso aconteceu no dia 25 de novembro de 2007. Há quase dois anos.


Para a Justiça, apesar de notória e comprovada a incapacidade de a Fonte Nova receber torcedores nas condições em que estava naquele dia, a morte de sete torcedores foi um “trágico acontecimento”.


Isso mesmo. Na última sexta-feira, dia 14, Bobô, diretor-geral da Superintendência dos Desportos da Bahia (Sudesb), e o engenheiro Nilo dos Santos Júnior, ex-diretor de operações da autarquia, foram absolvidos na 10ª Vara Crime de Salvador.


Segundo o juiz criminal substituto, José Reginaldo Nogueira, não houve negligência, imprudência ou imperícia dos réus.


Assim a tragédia da Fonte Nova, um dos capítulos mais tristes da história do futebol brasileiro, terminou sem culpados.


E se o culpado era a Sudesb, a Federação Baiana de Futebol, o Bahia ou o Governo do Estado, não sei e não cabe a mim julgar.


Mas pode ter certeza: não foi Deus que quis.


Ironia do destino ou não, veja o que aconteceu apenas um dia depois da sentença do juiz sobre o caso da Fonte Nova: a arquibancada de um estádio do Piauí desabou e deixou cerca de 30 feridos.


Foi no estádio Torrão, em Miguel Alves, a 104 Km de Teresina-PI. Jogavam Miguel Alves e União pelo Campeonato Intermunicipal do Piauí.


Fala-se em 27 a 30 feridos, que ficaram segundo a imprensa local com braços e pernas fraturadas e foram encaminhados para o Hospital Pedro Vasconcelos, de Miguel Alves.


Neste domingo, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Piauí (CREA-PI) divulgou uma nota de esclarecimento na qual diz que não realizou vistoria técnica no estádio.


Veja a nota:


“Com relação ao sinistro ocorrido nas arquibancadas do Estádio Enéas Torres, no município de Miguel Alves, na tarde de sábado (15 de agosto), esclarecemos que o Crea-PI não realizou vistoria técnica e não chancelou quaisquer obras e/ou serviços no local.

As vistorias técnicas são efetuadas, principalmente, mediante as Fiscalizações Preventivas Integradas - FPIs, que acontecem em parceria com outras entidades fiscalizadoras (respeitadas as devidas competências), e têm por objetivo constatar irregularidades diversas e notificar preventivamente os responsáveis na busca de saná-las, assim como alertar as autoridades constituídas sobre os fatos verificados.


Dessa forma, informamos que a ação do Crea-PI no Estádio Enéas Torres, no município de Miguel Alves, sucedeu-se através da visita dos seus Agentes de Fiscalização, que compareceram ao local para realizar tão somente a sua atividade rotineira, que é fiscalizar o exercício profissional e a regularidade da obra no Conselho, que se dá por meio do registro da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).”


Infelizmente, o descrédito, ceticismo, desconfiança, seja lá o que for, nos leva a esperar que considerem essa violência a seres humanos, mais uma obra do acaso.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mapa dos Estádios Brasileiros

A CBF lançou oficialmente nesta quinta o CNEF- Cadastro Nacional de Estádios de Futebol. O documento faz um mapeamento dos 626 estádios onde se tem jogado campeonatos profissionais.

O documento não traz informações sobre a estrutura desses estádios nem condições oferecidas ao torcedor (a CBF nunca faria isso).

O dado que mais chama a atenção é que dos 626 estádios, 426 são propriedade estatal, seja Governo Estadual ou Municipal. Só 200 são particulares.

Veja alguns dados:

São 626 estádios
195 estádios no Sudeste, 193 no Nordeste, 102 no Centro-Oeste, 96 no Sul e 40 no Norte
33% não têm iluminação para jogos noturnos
São 426 estádios do Estado e apenas 200 particulares
São 52% os estádios com capacidade abaixo de 5 mil lugares
30 estádios têm capacidade para mais de 30 mil espectadores

O documento completo:

CNEF - CBF

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Jason, o inimigo público nº 1 da PM de São Paulo

Enquanto esperamos que seja criada uma polícia especializada em multidões para poder conter a violência nos estádios, a PM de São Paulo adota medidas patéticas para tentar coibir brigas entre torcidas.


O tenente-coronel Almir Ribeiro, que comanda o batalhão de choque nos estádios, afirmou que vai proibir a venda e o uso de máscaras do personagem Jason nos próximos jogos do São Paulo.


Segundo a PM, máscaras e pinturas no rosto dificultam a identificação de torcedores que causam confusões.


Para quem não sabe, a torcida do São Paulo adotou o Jason como símbolo porque o personagem do filme de terror, quando todos acham que está morto, volta à cena e mata todo mundo. É uma analogia ao atual momento de recuperação do São Paulo no Campeonato Brasileiro.


Goste você da analogia ou não, as máscaras de Jason eram uma manifestação bem-humorada do torcedor tricolor, que vinha tomando conta do Morumbi.


Os estádios paulistas já estão mais sem-graça sem as bandeiras, que proporcionavam um espetáculo à parte.

Agora não haverá mais máscara de Jason ou de qualquer outro personagem.


Definitivamente, a PM de São Paulo, ineficaz no combate à violência, parece querer transformar arquibancadas em plateias de teatro.



sábado, 8 de agosto de 2009

MP aciona Bobô e engenheiro pelo acidente na Fonte Nova

Da Tribuna da Bahia


O diretor geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares da Silva (o Bobô), e o engenheiro civil Nilo dos Santos Júnior, que ocupou o cargo de diretor da superintendência até o dia 29 de janeiro de 2008, terão mais uma vez de prestar esclarecimentos sobre a Fonte Nova.


O Ministério Público estadual (MP-BA) moveu, na última sexta-feira (07), uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa contra os dois, que são acusados de descaso na condução da solução dos problemas estruturais do estádio, que apresentava precárias condições na estrutura do concreto, o que propiciou o acidente do dia 25 de novembro de 2007, durante um jogo do campeonato brasileiro da série C, onde sete pessoas morreram e várias outras ficaram feridas com o desabamento de parte da arquibancada do anel superior da arena esportiva.


Segundo os promotores de Justiça Rita Tourinho e Adriano Assis, Bobô e Nilo dos Santos cometeram danos ao Poder Público, pois, mesmo constatada a gravidade da situação do estádio, foram realizadas medidas paliativas, inclusive com a adoção da dispensa de licitação. De acordo com os representantes do MP, houve uma “destinação equivocada de uma verba para realização de obras de fachada, quando tinham consciência da necessidade de efetivação de reformas estruturais no estádio”.


Na ação, os promotores citam também que os riscos da utilização do estádio para a prática desportiva já haviam motivado uma ação civil pública contra a Sudesb e o Esporte Clube Bahia, pela Promotoria de Justiça do Consumidor, quando, inclusive, foi pedida a interdição da Fonte Nova, sendo levados em consideração os relatórios da Polícia Militar, Vigilância Sanitária e Corpo de Bombeiros.


Os promotores afirmaram que não há dúvida de que os acionados conheciam a situação precária do estádio e requisitaram que haja o ressarcimento do dano, pagamento de multa de até duas vezes o valor dele, entre outras sanções. Bobô e Nilo dos Santos ainda correm o risco de perda da função pública e cassação dos direitos políticos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Esmeraldinos e rubro-negros lado a lado: Quais serão os reflexos de uma declaração infeliz?

Goiás e Flamengo se enfrentam às 21h50 desta quarta-feira no Serra Dourada. O jogo já tinha ingredientes suficientes para chamar a atenção. O Goiás em franca ascensão diante do irregular Flamengo que luta para se aproximar do G-4. A estreia de Denis Marques no rubro-negro. O duelo entre Adriano e Iarley.


Não era necessário mais nenhum ingrediente para apimentar o jogo. Não mesmo.


Mas eis que na semana passada, o técnico do Goiás Hélio dos Anjos perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. Veja o que falou o treinador:


“Tenho raiva, ódio desses flamenguistas do interior de Goiás, que não têm caráter nem para representar o estado. É uma vergonha ver esses goianos sem identidade, que não honram a sua terra, vestem a camisa do Flamengo, ou qualquer outro grande, e vem ao estádio torcer contra um time do seu estado. O que vai ter de flamenguista chato invadindo o campo para tirar foto no jogo de quarta que vem. Flamenguista quarta-feira que vem pra mim é inimigo, tudo inimigo”.


Em seguida, o técnico pediu desculpas por meio da imprensa. Disse que se expressou mal. Era o mínimo. O estrago já está feito.


O Serra Dourada hoje estará dividido, provavelmente com público maior de flamenguistas. Do mesmo modo que ocorre todas as vezes que o Flamengo vai a Goiânia, ou a Fortaleza, Natal, Manaus, entre outras capitais brasileiras onde o clube carioca possui imensa torcida.


A diferença é que nesta quarta, mais do que em qualquer outro dia de jogo, os esmeraldinos que forem ao Serra Dourada estarão diante do “inimigo público declarado”, segundo o comandante de seu time. E os rubro-negros estarão diante de quem diz odiá-los.


Infelizmente, o jogo será mais tenso fora do que dentro de campo.


Em tempos em que pedimos paz nos estádios, tudo o que não precisávamos era de uma declaração de ódio de um técnico contra torcedores rivais.

Torcida precisará usar máscaras em Coritiba x Santos

Medida foi tomada para evitar novos casos da gripe suína


Do Lancepress!


"A partida entre Coritiba e Santos, nesta quarta-feira, no Estádio Olímpico Regional, corria riscos de ser adiada, mas foi confirmada. A juíza Giani Maria Moreschi, da Primeira Vara Cível de Cascavel, indeferiu o pedido do procurador de Justiça Ângelo Mazzuchi, que tentou cancelar o jogo por causa do risco da gripe H1N1, a gripe suína.


Porém, os torcedores que comparecerem ao estádio precisarão usar máscaras de proteção, que serão distribuídas no local antes do início do jogo. O problema é que a expectativa é de casa cheia, já que a diretoria coxa-branca espera 17 mil pessoas e cerca de 10 mil ingressos já foram vendidos. Caso as máscaras não sejam distribuídas, a prefeitura de Cascavel sofrerá uma multa de R$ 300 mil.


- Os jogos do Brasileiro são realizados em campos abertos sem problema e todas as autoridades sanitárias não têm obstado a realização em face da gripe. Eu estranho e é inédita essa posição do promotor - declarou Jair Cirino, presidente do Coritiba.


A Secretaria de Saúde de Cascavel fez a recomendação sexta-feira passada para que evitando aglomerações na cidade a gripe não se espalhe. Mas, domingo, aconteceu a partida entre Cascavel e Matsubara pela Terceira Divisão do Campeonato Paranaense.


Casos da doença em Cascavel


Em Cascavel, há 365 casos suspeitos da gripe suína e mais cinco óbitos sob suspeita de terem sido provocados pela nova gripe. Ildemar Canto, secretário de saúde da cidade, diz que informações extraoficiais dão conta de que oitos dos 365 casos são mesmo de gripe suína.


- Ainda não recebemos um comunicado oficial apenas um telefone da 10ª Regional de Saúde confirmando os casos - disse ao site oficial da Prefeitura de Cascavel."

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Casa do Torcedor é parceira da Salvemos al Futbol – Brasil


Salve torcedores,


Para quem não conhece, a Salvemos al Futbol (SAF) é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada na Argentina, que tem o objetivo de eliminar quaisquer tipos de violência e corrupção que estejam vinculados ao futebol e velar pelos direitos dos torcedores atingidos por esses atos.


Com esse intuito, a ONG leva à justiça argentina casos de violência e corrupção no futebol, mobiliza torcedores para ações de repúdio a tais atos e articula com o poder público soluções para esses problemas.


Agora, por intermédio do carioca Rodrigo Rodrigues, a Salvemos al Futbol inicia suas atividades no Brasil, também lutando aqui pela paz e honestidade no esporte mais popular do país.


O coletivo Casa do Torcedor conheceu os trabalhos da Salvemos al Futbol recentemente, quando fomos contatados pelo Rodrigo e, prontamente, nos colocamos à disposição para ajudar na implementação da SAF no Brasil e na mobilização de pessoas e órgãos competentes nessa luta pela paz e honestidade no futebol.


Nessa parceria, a SAF-Brasil também aderiu à campanha “Paz nos Estádios – Blogueiros Unidos em Busca de Justiça”, que em seu início pedia uma legislação específica para prevenir e punir a violência no futebol e agora, depois da criação desse projeto de lei, acompanha a criação do novo Estatuto do Torcedor.


A Casa do Torcedor e a SAF-Brasil, desde já, convidam a todos os amantes do futebol a integrar nossos projetos. A paz no futebol é, sem dúvida, objetivo comum. O que falta é união.


Links


Site oficial da Salvemos al Futbol

Blog da SAF - Brasil

Twitter da SAF - Brasil

Campanha “Paz nos Estádios”


Contatos


Casa do Torcedor: casadotorcedor@gmail.com

SAF – Brasil: rodrigorodrigues@salvemosalfutbol.org

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Documentário "Como o torcedor é tratado nos estádios"

"Brazil 2014 - It`s not a joke"

Uma produção da santosfc.tv

Governo de MT contrata projeto do estádio sem licitação

Do SóNotícias

Fonte: Oliveira Júnior


A construção do "Estádio da Copa do Mundo Fifa 2014" em Cuiabá será iniciada no dia 31 de janeiro de 2010, um mês antes do prazo final dado pela Fifa, na reunião com todos os dirigentes das cidades escolhidas, no início de junho, no Rio de Janeiro. A surpresa no entanto, foi a revelação feita pelo governador Blairo Maggi. "Diante da necessidade de lutar contra o tempo, haverá dispensa de licitação (de R$ 12 milhões) para a contratação da empresa que fará o projeto," declarou o governador, ao site da Sinaenco. A declaração de Maggi foi feita durante a divulgação, na última quinta-feira (29), do calendário das obras de construção do novo estádio de Cuiabá. A decisão foi criticada pelo vice-presidente do Sinaenco - Sindicato da Arquitetura e Engenharia, João Alberto Viol.


"Apertar a etapa de projeto para ganhar dois ou três meses pode gerar enormes problemas e prejuízos ao longo das obras. A lei brasileira exige que os projetos de obras públicas sejam licitados para evitar desperdícios de dinheiro público", explica Viol.


No total, o Governo de Mato Grosso investirá R$ 430 milhões no novo estádio. Para acompanhar o andamento da obra, será contratada uma empresa de consultoria que participou na organização das Copas da Alemanha, em 2006, e da África do Sul, em 2010. Esta empresa receberá cerca de R$ 4 milhões pelo serviço. O governador pediu apoio dos poderes para o cumprimento do cronograma. Os presidentes do Tribunal de Justiça, Mariano Travassos; do Tribunal de Contas, Antônio Joaquim; e alguns deputados estaduais, já garantiram apoio. Estranhamente, no documento chamado de "Acordo para Sediar", na verdade um Caderno de Engargos, a Fifa estipula como data limite para entrega dos estádios, 31 de janeiro de 2011. Está lá, na página 43.

sábado, 1 de agosto de 2009

Federação do Rio tira torcedores de estádio em cima da hora

A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ) proibiu a presença de torcedores no Estádio Leônidas da Silva, do Bonsucesso. O estádio não obteve o laudo da vigilância sanitária.


Até aí tudo bem. São três os laudos necessários para uma arena poder receber torcedores: da polícia militar, corpo de bombeiros e vigilância sanitária. Se não estiver com qualquer um dos três em dia, tem de ser interditado ou abrigar jogos sem torcida.


O problema é que a determinação da FERJ foi dada instantes antes de a partida entre Bonsucesso e São Cristóvão, pela Segunda Divisão do Campeonato Carioca, começar.


Alguns torcedores já estavam dentro do estádio e foram obrigados a se retirar. O resto formou uma imensa fila do lado de fora. Os protestos e tumulto foram inevitáveis.


Segundo o site do Sidney Rezende, já aconteceu o mesmo com outros estádios da Segundona do Carioca.


Os laudos são exigidos para garantir a segurança do torcedor e, não estando todos em dia, o estádio não pode recebê-los. O que não faz sentido é tentar cumprir uma lei que atende ao torcedor ao mesmo tempo em que este é desrespeitado.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Conheça o perfil do torcedor organizado de SP

Um estudo do Grupo de Estudos e Pesquisas de Futebol da Unicamp, coordenado pela professora Heloisa Reis e divulgado recentemente, derruba a visão (que não é só do Flávio Prado) de que torcedores organizados são vagabundos, marginais, vadios e outros desses adjetivos quase sempre carregados de preconceito.


Para o estudo, que só será concluído em setembro, foram entrevistados 813 filiados da maior torcida organizada de cada um dos três grandes clubes da capital paulista – São Paulo, Corinthians e Palmeiras.


Seguem alguns dados coletados que traçam o perfil do torcedor organizado:


  • 61% dos torcedores organizados trabalham; 27% estudam
  • Apenas 9% dos entrevistados não informaram ocupação e 3% estão desempregados
  • 88% moram com a família original (pai e mãe)
  • 94% são solteiros
  • 62% são católicos
  • 40% vão ao estádio sempre e 45% dizem ir muito frequentemente, mesmo que a partida seja televisionada
  • Quando vão à arena, 52% o fazem pela emoção do estádio, 30% por amor ao time, 12% para torcer em grupo

A revista Carta Capital publicou em sua última edição uma reportagem sobre a pesquisa. Vale a pena lê-la. A matéria traz mais dados, além de uma entrevista com a professora Heloisa Reis e outros estudiosos do assunto. Para acessá-la, clique aqui.


Mas mais do que as entrevistas, o que me chamou atenção na matéria foram os comentários feitos a ela. Pincei dois comentários com visões diferentes sobre o assunto. Um é contra as torcidas organizadas e o outro é de um membro de um desses grupos (a julgar pelo slogan que deixa no fim, é da Gaviões da Fiel). Vale a leitura:


Hudson Miranda

"O estudo da Pesquisadora Heloisa Reis é interessante, e pelo que acompanho o futebol -mais de longe do que nos estádios-, parece ser fiel ao assunto, "Torcidas Organizadas". Fui muitas muitas vezes ao estádio, e algumas vezes comprar ingressos antecipados na porta do clube que torço. E é notório o domínio do território por parte de integrantes das organizadas, furam filas, fazem a famosa "panelinha" na boca do guiché, e tudo com a conivência do clube. Esses pontos negativos sobressaíram aos positivos, e me fizeram abandonar os estádios. Pois, se a organizada que leva a bandeira do meu clube não tem tolerância com nós, meros torcedores comuns, quanto mais com torcidas rivais. Sou contra organizadas!!!"


Thiago Christofolette Rosa

"Parabéns pela matéria, isso mostra que não somos marginais visto pelo lado da mídia, as mesma que aceitam a corrupção e não divulga que o melhor futebol do mundo tem uma federação de futebol que só pensa na em si própria e não no Futebol Brasileiro a maior paixão nacional, e fora o Continuísmo de seus representantes que grande parte lucram com os desvios de dinheiros de federações de futebol e Clubes, a mesma Mídia e federação que manda por um jogo de futebol as 22:00 que o jogo acaba as 24:00 sendo que a maior cidade do Bra$il a quarta maior do mundo deixa a sua população que já paga um passagem absurda sem Ônibus, Metro, Trem. Isso você coloca um clássico Corinthians e Palmeiras as 22:00 de Quarta-feira sendo que o estadio tenho 50.000.00 pessoas a maioria vem de transporte publico de distancias imagináveis, o jogo acaba 23:50 até sair do estadio 24:00 já não tem todas os itinerários não estão funcionando isso 1:00 já não tem mais nada só umas 10.000.00 pessoas na rua até as 4:30 a probabilidade de confusão e grande, esperando funcionar o transporte isso com fome, sono ainda vai trabalhar as 7:00 sendo que só vai chegar em casa 5:00 da Manhã, a violência vem de qual parte das pessoas que fazem do futebol o que querem. A violência hoje esta em toda parte da sociedade é mais fácil criticar a violência que e mostrada as vezes a custa de IBOPE do que propor uma debate amplo na sociedade sobre a violência. F requento estadio 10 anos sou de Torcida Organizada a 7 nunca briguei. LEALDADE HUMILDADE PROCEDIMENTO"

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Teremos que criar a “Casa do Sócio-Torcedor”?

Muitos veriam essa pergunta acima, em tom de brincadeira, como uma evolução do futebol brasileiro. Eu vejo de outra forma. A consolidação dos programas de sócio-torcedor entre os clubes do país representa uma vitória do projeto de elitização do futebol no Brasil.


O futebol pode continuar um esporte do povo nos botecos espalhados pelas ruas, nas discussões da segunda-feira, na família ligada na televisão. O estádio é cada vez mais, por incrível que pareça, um espaço das classes média e alta.


São vários os fatores que afastam a cada dia mais as classes D e E dos estádios. Primeiro, os preços dos ingressos são abusivos - em qualquer jogo da Série B, por exemplo, a entrada custa 20 reais. Além disso, a dificuldade de acesso aos estádios em transporte público e os horários das partidas no meio de semana obrigam o torcedor a ter carro para poder ver um jogo.


Os programas de sócio-torcedor, vistos pela cartolagem como a única saída para manter a saúde financeira dos clubes, são extremamente elitistas e segregacionistas, no mínimo. Privilegiam o torcedor de maior poder aquisitivo e vai tirando dos estádios o chamado “torcedor comum”.


A meta dos clubes, e isso é claro, é dispor a entrada aos jogos apenas aos torcedores que participarem do programa de fidelidade.


Segundo nota desta terça do Clube dos 13, entidade que reúne as 20 maiores agremiações do país, já há mais de 380 mil sócios-torcedores no Brasil. O líder é o Internacional, que possui 100,7 mil associados.


O Colorado é seguido por Grêmio (53 mil sócios), Corinthians (46 mil) e São Paulo (42 mil).


Vou postar abaixo o texto do Clube dos 13, que possui mais detalhes, e deixa claro esse projeto elitista.


Clubes brasileiros ultrapassam 380 mil sócios-torcedores

"Levantamento do Clube dos 13 revela que mais de 380 mil brasileiros já aderiram a pacotes de fidelização com seu time do coração. Os programas de sócio-torcedor, que tiveram sua gênese no país há pouco mais de uma década, proporcionam aos fãs facilidade de compra de ingressos e acesso aos estádios e receita garantida às agremiações.

O maior caso de sucesso das Américas é protagonizado pelo Internacional. Atualmente com 100,7 mil associados, o time gaúcho é o sexto colocado no mundo em número de sócios-torcedores. O líder é o Benfica, de Portugal, com 171 mil.

“A implantação do projeto de sócio-torcedor foi paulatina a partir de 2003, quando começamos a trabalhar o lado emocional do torcedor destacando a importância em se associar ao clube. Fizemos tudo isso ancorado em forte campanha de mídia via veículos convencionais, trabalho boca a boca, fidelização da carteira de forma intensa e premiação aos sócios com vantagens e benefícios que o torcedor comum não tem acesso”, explica Jorge Avancini, diretor de marketing do Internacional. Segundo ele, o programa garante arrecadação que possibilita um planejamento de longo prazo ao clube.

Além do Colorado, que subiu de 60 mil sócios-torcedores em janeiro deste ano para a marca recorde em julho, Grêmio, Corinthians e São Paulo, com 53 mil, 46 mil e 42 mil associados respectivamente, também apresentam uma rápida ascensão em seus números. O Cruzeiro segue os mesmos passos e já possui cerca de 18 mil filiados apenas um mês e meio após o lançamento do projeto Sócio do Futebol.

“Os sócios-torcedores são fundamentais na vida do São Paulo. É através do programa que podemos estar perto de nossos torcedores, além de proporcionar a eles uma forma de estarem perto de nós, contribuindo financeiramente com o clube, que, em contrapartida, oferece alguns benefícios como descontos em ingressos, mas principalmente, títulos”, destaca Rogê David, responsável pelo projeto no tricolor paulista.

Outros ótimos exemplos são confirmados com o Vasco da Gama (28,5 mil sócios-torcedores), Santos (25 mil), Atlético-PR (22,3 mil), Coritiba (18 mil), Vitória (6,7 mil), Goiás (5,3 mil), Fluminense (5 mil) e Guarani (4,1 mil).

Palmeiras, Botafogo, Bahia e Sport Recife estão reformulando seus programas e devem lançar em breve os novos projetos.

“Os programas de sócio-torcedor são modelos consolidados na Europa. Com o lançamento do projeto destes outros clubes no Brasil, não levaremos muito tempo para atingir a marca de meio milhão de sócios. Os números comprovam que os departamentos de marketing já atingiram resultados expressivos. Não tenho dúvidas que estamos no caminho certo”, afirma Fábio Koff, presidente do Clube dos 13."

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Atualização do Estatuto do Torcedor

Novo Estatuto do Torcedor deve virar lei até outubro, diz secretário

Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil

Os torcedores de futebol mais violentos deverão ser punidos em breve com penas alternativas. O governo espera que o novo Estatuto do Torcedor se torne lei até outubro próximo. A previsão é do secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay.

As novas regras preveem, por exemplo, uma pena alternativa para o torcedor violento, em que ele deverá prestar serviço comunitário, por até três anos, sempre nos dias e horários em que seu time estiver jogando. “Essa é uma maneira de tirar do estádio as pessoas que estão brigando ou atrapalhando”, afirmou.

Segundo ele, o Estatuto do Torcedor criado em 2003 sofreu alterações e já foi aprovado na Câmara dos Deputados e na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Falta ainda ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e no plenário pelos senadores, seguindo depois para sanção presidencial.

O secretário explicou que “o estatuto até falava em banimento de torcedores que causavam confusão, mas era muito difícil de efetivar isso”. O que está sendo criado, segundo ele, é um tipo penal contra tumulto e briga nos estádios.

“Precisamos do governo e do Judiciário, com leis mais efetivas e contundentes”, defendeu presidente do Conselho da Torcida Jovem do Flamengo e presidente da Federação das Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro, José Maria de Sá Freire. “Não é justo um cara ser pego brigando, com pau e pedra, lesionar, machucar e ferir gravemente várias pessoas e chegar num Juizado Especial Criminal, pagar dez cestas básicas e ser liberado.”

O novo Estatuto também estabelece a punição aos cambistas ou para as pessoas que participarem de um esquema de desvio de ingressos. “Hoje o policial não consegue nem apreender os ingressos dos cambistas porque não é crime, nem nada”, reclamou o secretario.

Outra idéia prevista é a de se aprimorar e estabelecer os juizados especiais em todos os estádios brasileiros. Segundo Abromovay, essa medida tem um efeito muito grande porque permite que se resolva o conflito no estádio e garante a presença do Estado no local.

Mas muitas propostas para se combater a violência não estão previstas somente no Estatuto do Torcedor. Além do governo, há também idéias sendo discutidas em vários setores da sociedade.

“As organizadas têm trabalhos na área esportiva e social, com milhares de jovens. Temos sedes recreativas e administrativas que podem ser pólos do governo para manter atividades sociais, esportivas, culturais e até de informática”, diz Freire, representante das torcidas do Rio de Janeiro.

O promotor de São Paulo Paulo Castilho também defende a ideia dos trabalhos de inclusão social com as organizadas. “É preciso que essa torcida organizada seja realmente organizada e que o Estado fiscalize e contribua para isso. Mas como fazer isso? Cadastrando, monitorando essa torcida, acompanhando num serviço de inteligência”, afirmou.

Para Castilho, o combate à violência no futebol também passa por uma maior especialização das polícias, reestruturação dos estádios, urbanização das cidades e também punição a jogadores e dirigentes de clubes que incitam a violência.

“É preciso aumentar, com ingressos promocionais, a ida de mulheres, famílias e de pessoas da terceira idade e de crianças aos estádios porque esses grupos naturalmente neutralizam e isolam esses grupos violentos”, apontou Maurício Murad, sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Além de ações reeducativas, Murad acredita até em soluções mais repressivas e de curto prazo, como a proibição da venda de bebidas alcoólicas no estádios, o controle da venda dos ingressos e o aumento do transporte coletivo, principalmente no final das partidas.

“Chegar nos estádios, cada um chega mais ou menos numa hora. Mas, na saída, sai todo mundo junto. Aí mora o perigo. E quanto mais rápido a multidão escoar, menor é a possibilidade de violência, de roubo e de brigas”, avalia.

Para o ex-preparador físico João Paulo Medina, criador do projeto Universidade do Futebol, as soluções para o combate à violência no futebol passam também por um debate com o meio acadêmico. “Há uma certa resistência das pessoas mais pragmáticas que acham que a violência é só um problema de polícia. É um problema que extrapola sua dimensão policial”, afirma.

A solução, segundo ele, virá somente quando se pensar a violência no seu aspecto cultural, vinculada também a problemas como a desigualdade social. “As saídas vão surgir desses debates”, defendeu Medina.

domingo, 19 de julho de 2009

Brasil lidera ranking de mortes em confrontos no futebol, aponta estudo

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Nos últimos dez anos, 42 torcedores morreram em conflitos dentro, no entorno ou nos acessos aos estádios de futebol. Os dados foram contabilizados e estudados pelo sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universo, Maurício Murad, baseado em dados fornecidos por jornais, revistas e rádios das principais cidades do país entre os anos de 1999 e 2008. As informações foram mais tarde checados nos Institutos Médico Legais (IMLs) e nas delegacias de polícia das cidades onde as mortes ocorreram.

“Quando começamos a fazer o levantamento, o Brasil estava em terceiro lugar na comparação com outros países no número de óbitos. A ordem era Itália, Argentina e Brasil. Hoje, dez anos depois, o Brasil conquistou o primeiro lugar. É uma conquista trágica, perversa”, afirmou o professor, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, essa constatação deveria ser uma grande preocupação para um país que vai abrigar um grande evento como a Copa do Mundo de 2014. “Essa violência é uma preocupação para a Copa porque, de todos os problemas que a Fifa (Federação Internacional de Futebol) acompanha, e de tudo o que o caderno de exigências para a Copa do Mundo determina, a segurança pública é um dos principais. O problema da segurança pública é da maior importância para a Copa do Mundo.”

O fato do Brasil estar ocupando o trágico primeiro lugar no número de óbitos em conflitos de torcedores deve-se, segundo o professor, ao fato de não ter ocorrido aqui uma reação a esse tipo de violência, tal como fez a Itália, promovendo reformas na legislação até para punir os dirigentes que incitam a violência. “No Brasil, infelizmente, não houve reação satisfatória e consistente”, concluiu.

Um outro dado alarmante da pesquisa, segundo o sociólogo, é que a proporção dos óbitos vem aumentando nos últimos cinco anos. Se no período de dez anos a média é de 4,2 mortes a cada ano, no período entre 2004 e 2008 o número de mortos totaliza 28, dando uma média de 5,6 mortos por ano. A proporção é ainda bem maior se contabilizados apenas os dois últimos anos: 14 mortes ocorreram entre 2007 e 2008, uma média de sete mortos por ano.

“Significa não só que a soma dos óbitos é uma coisa preocupante, alarmante e que tem que ser vista, estudada e contida, como também que a proporção, nos últimos dez anos, é crescente e, portanto, muito mais preocupante”, definiu.

Mas a violência não é algo típico apenas do mundo esportivo. “Cresceu a violência no futebol porque cresceu a violência no país. E cresceu a violência no país porque a impunidade e a corrupção são cada vez maiores”, concluiu o sociólogo.

Além do crescimento do número de mortos em conflitos esportivos nos últimos anos, a pesquisa também verificou mudanças na forma dessa violência. Se antes as mortes ocorriam por quedas ou brigas, hoje elas ocorrem geralmente por armas de fogo.

Outro dado novo que foi observado nos últimos anos de pesquisa é a marcação dos conflitos e das tocaias contra grupos de torcedores rivais por meio da internet e do site de relacionamentos Orkut.

A maior parte dos mortos, de acordo com a pesquisa, era composta por jovens entre 14 e 25 anos, de classe baixa ou média baixa, com escolaridade até o ensino fundamental e, em geral, desempregado. E também foi constatado que, em grande parte, esses torcedores não eram ligados a práticas de violência.

“Em quase 80% dos óbitos, as pessoas não tinham nenhuma ligação com setores violentos ou delinquentes de torcidas organizadas. Apenas em 20% é que os óbitos eram de pessoas ligadas a grupos de vândalos", afirma Murad.

Segundo ele, o futebol reproduz de forma cruel e perversa a situação do país, onde a violência é crescente e vitimiza muito mais as pessoas não ligadas aos grupos delinquentes. "Uma morte já é gravíssima, mas a morte de um inocente, que não está ligado a práticas de violência e que foi ao estádio para se divertir e que foi com sua família para torcer pelo seu time é muito mais grave”, ressalta.

A pesquisa de Murad propõe como soluções de combate a essa violência nos esportes, no curto prazo, ações mais repressivas tais como a proibição da venda de bebidas alcóolicas nos estádios; o controle da venda de ingressos, proibindo a ação de cambistas; e o aumento da oferta do transporte coletivo principalmente na saída dos estádios.

“Chegar nos estádios, cada um chega mais ou menos numa hora, mas sair, sai todo mundo junto. Ali é que mora o perigo. E quanto mais rápido a multidão escoar, menor é a possibilidade de violência, de roubo e de brigas”, concluiu.

As ações mais efetivas para o combate à violência, no entanto, são as de médio e longo prazo. Aqui, Murad cita como soluções as campanhas educativas que possam voltar a atrair as famílias para os estádios. “É preciso aumentar, com ingressos promocionais, a ida de mulheres, famílias e de pessoas da terceira idade e de crianças aos estádios porque esses grupos naturalmente neutralizam e isolam esses grupos violentos”, afirmou.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Torcida do Bahia promove a campanha “Público Zero”


Uma forma de protesto interessante organizada pela torcida do Bahia. Poderia ser seguida pelas torcidas de outros clubes não só quando o time não anda bem, mas quando há abuso na cobrança de ingressos, falta de estrutura no estádio, jogos às 22hs...


Da Universidade do Futebol


"Ao contrário do que fazem a maioria das torcidas insatisfeitas com os seus times, fazendo protestos em frente às sedes dos clubes, pendurando faixas ao contrário, chegando até a casos de agressão física, os torcedores do Bahia, a seis rodadas sem vencer, decidiram fazer diferente.

Eles deram início a campanha “Público Zero” para as partidas que a equipe disputar no estádio de Pituaçu. Nenhuma torcida organizada assumiu a autoria da campanha, que já circula na internet por meio de uma corrente de e-mails com um cartaz que apresenta o seguinte texto:

"Nós torcedores do Bahia somos o maior patrimônio deste clube. E antes que seja tarde precisamos mobilizar toda a massa para mostrar que merecemos MAIS. Agora chegou a vez de fazermos eles sentirem vergonha e ver o quanto somos importantes. Bahia x Vasco será a oportunidade de mostrarmos toda a nossa indignação e exigirmos mudanças urgentes, desde jogadores até a diretoria. NÃO vá a Pituaçu no dia 25/07, assim transmitiremos a eles um pouco da humilhação que estamos passando. É hora de dar um apito final nessa situação".

Na prática, o boicote dos torcedores aos jogos do Bahia já começou, uma vez que o público em Pituaçu vem caindo gradativamente. Para se ter noção da queda de público, no dia 6 de junho, 13.196 torcedores assistiram ao jogo contra o ABC. Já na última terça-feira apenas 4.717 torcedores pagaram ingresso para ver a partida contra o Bragantino.

Um protesto semelhante aconteceu em 2007, quando o Bahia não conseguiu o acesso para a série B do Campeonato Brasileiro. Embora alguns torcedores se concentrassem do lado de fora do estádio, o movimento não teve sucesso pois o Governo do Estado realizava a campanha "Sua nota é um show", que possibilitava ao torcedor trocar 10 notas ou cupons fiscais por um ingresso."

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Artigo: “Violência no futebol: quando as causas vão ser investigadas?”

Publico abaixo artigo criado em conjunto pelos membros do Grupo de Estudos e Pesquisas de Futebol da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Foi enviado a mim pela professora Heloisa Reis, uma das maiores autoridades do país para falar sobre políticas de prevenção à violência em estádios, e uma das autoras do texto. A própria professora me pediu que veiculasse este artigo, publicado primeiro pelo Estadão. Confira também entrevista que ela deu à Casa do Torcedor há alguns meses sobre o tema violência no futebol.


Violência no futebol: quando as causas vão ser investigadas?

GEF*

"Mortes relacionadas ao futebol brasileiro reacendem a discussão em torno da violência no esporte. Normalmente declarações precipitadas de autoridades públicas, assim como informações desencontradas e incoerentes veiculadas pela imprensa contribuem para a formulação de "soluções mágicas", mas que poderão comprovar-se ineficazes, dado que não consideram a amplitude e a importância do fenômeno.

Em um primeiro momento, consideramos ser fundamental a retomada dos trabalhos da Comissão Nacional de Prevenção da Violência nos Espetáculos Esportivos pelos Ministérios do Esporte e da Justiça e a criação de colegiados similares nos estados, que tenham a atribuição de tratar o tema com o devido cuidado e de trazer o poder público para o cerne da discussão. Há a necessidade, também urgente, de atualização da legislação específica para o esporte, como o Estatuto do Torcedor. A tarefa é especialmente oportuna neste momento, dado que o tema está sendo discutido no Senado. Alguns pontos importantes foram acrescentados à lei, mas outros, como a melhoria da infraestrutura dos estádios, ainda não foram contemplados.

Para que as atividades sejam efetivas e contínuas, é preciso incentivar e assegurar a participação, nas referidas comissões, de representantes de diferentes esferas da sociedade (governo, entidades esportivas, torcidas organizadas, imprensa e estudiosos), de maneira a enriquecer e ampliar o enfoque das análises. Da mesma forma, ainda verificamos a urgência da criação de uma corporação de segurança especializada em eventos esportivos, pois é notório que o despreparo dos atuais agentes públicos, e o tratamento por eles conferido aos torcedores - organizados ou não -, estão entre as principais causas dos conflitos violentos.

A atuação dos meios de comunicação em relação ao tema da violência no meio esportivo é outro aspecto que deve ser repensado. A armadilha do crédito excessivo às versões oficiais e a demora ou descaso ao ouvir os torcedores presentes na cena do conflito contribuem para a prevalência de uma visão homogeneizada, que, por estar distante dos fatos, frequentemente não consegue absorver as contradições e especificidades da relação entre torcedores. Assim, a informação que chega ao cidadão, ao invés de oferecer um panorama da situação, tende a reforçar preconceitos.

Algumas propostas apresentadas no "calor dos fatos", como a realização de partidas com uma única torcida, denunciam a incapacidade do Estado em prover segurança aos cidadãos. São recursos paliativos.

As propostas de ações para prevenção da violência no meio esportivo não têm o poder de tornar a assistência do esporte instantaneamente pacífica, mas espera-se respostas consequentes a episódios de violência em dias de jogos com uma apuração de forma isenta e cujos envolvidos sendo julgados e punidos dentro dos limites legais, de acordo com a participação de cada um.

Encontra bodes expiatórios, para dar uma resposta rápida à sociedade e acalmar os ânimos da opinião pública pode trazer sensação de conforto ou dar a ideia de que estamos sendo protegidos, mas esse tipo de "saída fácil" apenas acrescenta mais pólvora a um barril que permanece pronto para explodir outras vezes. Vale reforçar, portanto, que o assunto da violência no futebol é complexo e merece discussões intensas e urgentes. Nesse sentido, a união de esforços é o modelo mais indicado para a formulação de medidas eficazes a curto, médio e longo prazos.

*GEF Grupo de Estudos e Pesquisas de Futebol da Faculdade de Educação Física da Unicamp”

quarta-feira, 15 de julho de 2009

“Até parece que os sócios são melhores do que a gente”

Vi essa frase acima, do título, em um tópico criado nesses últimos dias em uma comunidade bastante ativa do Cruzeiro no Orkut. Ela simboliza bem um processo de elitização do futebol brasileiro, com o crescimento dos programas de sócio-torcedor.


Dos 64.800 ingressos destinados à final da Libertadores entre Cruzeiro X Estudiantes, 20 mil ficaram com os sócios do futebol, 8 mil com os donos de um cartão chamado papa-filas e 2 mil com os camarotes dos patrocinadores. Soma-se a isso 3 mil entradas vendidas em La Plata para torcedores do clube argentino.


Ou seja, dos 64.800 ingressos, só 31.800 ficaram para o restante da torcida do Cruzeiro, a imensa maioria que não tem condições de participar de programas de fidelidade e que teve que dormir na fila desde o fim de semana para lutar por ingressos que, em grande parte, ficaram nas mãos de cambistas.


Veja só: esses 31.800 ingressos teriam sido vendidos em apenas 2 horas. Algo no mínimo estranho. Não é à toa que no mesmo tópico do Orkut em que o torcedor questionou se achavam que os sócios eram melhores do que eles, a grande maioria dos internautas não poupou críticas aos cambistas, que estão faturando alto com essa decisão.


Mas como os cambistas conseguiram tantos ingressos se bem antes de serem abertas as bilheterias de venda já havia filas quilométricas? Talvez os Perrelas tenham a resposta.

sábado, 11 de julho de 2009

Ingressos mais caros para a final entre Cruzeiro x Estudiantes


Pra variar, o torcedor que acompanhou a trajetória inteira do Cruzeiro na Libertadores e em outros campeonatos vai ter que pagar mais caro para ver o ápice de toda essa campanha. Isso se não quiser ficar no espaço destinado aos mais pobres, a geral. E ainda dizem que o futebol é capaz de unir ricos e pobres na hora do gol. Claro que não, cada um fica em uma parte do estádio.


Veja abaixo os novos preços dos ingressos para a final entre Cruzeiro e Estudiantes, quarta-feira, às 21h50, no Mineirão. As informações são do site oficial do Cruzeiro, com texto de João Marcos Dias.


“A diretoria celeste fixou nesta sexta-feira, em reunião na Sede da Federação Mineira de Futebol (FMF), os preços dos ingressos da partida da próxima quarta-feira, às 21h 50, contra o Estudiantes, pela final da Copa Santander Libertadores. Os 64.800 bilhetes começam a ser vendidos na segunda-feira e têm desconto se comprados com antecedência.


Até a terça-feira, os preços são os seguintes: geral (R$ 15), anel inferior (R$ 50); cadeira superior lateral (R$ 80); cadeira superior central (R$ 100) e cadeira especial (R$ 150). Estudantes, menores de 12 anos e maiores de 60 anos pagam a metade do preço em todos os casos.


Nota do blog: até a semifinal contra o Grêmio, os ingressos da arquibancada custavam entre R$ 40 e 50, e a cadeira especial custava R$ 90,00.


O torcedor não encontrará nas bilheterias os ingressos de cadeira superior lateral dos portões 3 e 6, setor localizado à direita das cabines de rádio e TV. Eles estão reservados aos Sócios do Futebol. O cartão daqueles que aderiram ao programa deve ser apresentado juntamente com o boleto do mês de julho quitado e a carteira de identidade.


Na segunda e na terça-feira, os ingressos serão disponibilizados de 9h às 17h, no Mineirão (av. Abraão Caram, 1.000), na Sede Campestre (rua das Canárias, 254, Pampulha), no Ginásio do Barro Preto (rua Ouro Preto s/n) e na Loja Cruzeiro Mania do Barreiro (av. Sinfrônio Brochado, 125). Na Loja Cruzeiro Mania da Savassi (av. do Contorno, 6.605), o horário é de 10h às 17h.


Além de documento com foto, os estudantes da rede pública de ensino devem apresentar o comprovante de matrícula no ato da compra e na entrada do estádio. Os que estudarem em colégios particulares têm de levar o comprovante de pagamento da mensalidade e a carteira de identidade. Menores de 12 e maiores de 60 anos precisam portar a identidade.


Na quarta-feira, os bilhetes sofrem aumento, e passam a custar: geral (R$ 20), anel inferior (R$ 70); cadeira superior lateral (R$ 100); cadeira superior central (R$ 120) e cadeira especial (R$ 170). Estudantes, menores de 12 anos e maiores de 60 anos pagam a metade.


No dia da partida, a venda acontecerá de 9h às 17h na Sede Campestre, no Ginásio do Barro Preto e na Loja Cruzeiro Mania do Barreiro. Na Loja Cruzeiro Mania do Barreiro, as bilheterias funcionam de 10h às 17h. Os bilhetes serão disponibilizados no Mineirão de 9h às 14h. Não haverá venda no estádio no momento da partida.”

Os portões 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 7A, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14 serão abertos às 19h. Serão disponibilizados 35 ônibus especiais que saem do tradicional ponto da rua Rio Grande do Sul com Tupis a partir das 18h 30. Os ingressos para a torcida do Estudiantes serão vendidos na Argentina. Os visitantes entrarão no estádio pelo acesso 13."