Assim como em São Paulo, o estado de Pernambuco também adota a medida de cadastramento das torcidas organizadas.
Agora, todos os membros das organizadas devem se cadastrar para receber uma carteira de identificação, que será solicitada na entrada dos estádios. Haverá ainda um local pré-determinado na arquibancada para eles.
A decisão foi de Aílton Alfredo, juiz coordenador do Juizado Especial do Torcedor de Pernambuco (Jetep). É o mesmo que havia declarado anteriormente que pretendia extinguir as uniformizadas do seu estado.
As diretorias das grandes torcidas de Recife (Inferno Coral, Gang da Ilha, Jovem e Fanáutico) aceitaram a proposta. Entrei em contato, por e-mail, com todas elas. Apenas a diretoria da Inferno Coral, do Santa Cruz, respondeu. Veja abaixo na íntegra:
“Com relação a esta atitude tomada pelo Exmo. Sr. Ailton Alfredo, de fazer uma reunião com dirigentes dos clubes para pedir um lugar reservado para as torcidas organizadas e o cadastramento dos nossos componentes, nós estamos de acordo. Não concordamos com a extinção das torcidas em Pernambuco, pois já tentaram fazer isso em outras cidades e não conseguiram, pois fora dos estádios quem deve fazer a segurança é o governo, tomando providencias cabíveis (CADEIA) sobre os marginais que se infiltram no nosso meio.Pois nós organizadores não somos culpados pelas violências que acontecem fora dos estádios. Até porque nós não podemos sair atrás de todos os bairros para reprimir a violência.Nós já estamos conseguindo diminuir o bastante as brigas que ocorriam dentro dos estádios relacionadas a galeras que estavam indo para se enfrentarem após terem brigados no dia anterior nos bailes funk`s.
Em São Paulo, já há esse cadastramento desde dezembro de 2006. Ainda em fase de implantação, faz parte de um Projeto Piloto baseado em relatório da Comissão de Paz no Esporte, do Ministério dos Esportes, em parceria com FPF, Ministério Público e PM.
Os integrantes das organizadas são fichados e isolados em espaço determinado nas arenas. Só entram se possuírem em mãos um cartão magnético com foto, números de RG e CPF. Eles ainda devem passar por uma catraca específica com “dispositivo identificador”, que detecte sua voz e impressão digital.
O Bruno Camarão, que faz parte do projeto “Casa do Torcedor”, fez um trabalho acadêmico no ano passado para a PUC-SP sobre o assunto. Os torcedores entrevistados, ao contrário das diretorias das organizadas, mostraram descontentamento com o assunto. Veja abaixo alguns depoimentos.
“Não é uma camisa que muda a índole de um torcedor. O rapaz não vai com camisa de organizada, mas vai com a camisa do clube e comete um ato criminoso. O que mudou? Nada. Ele tem sua culpa, particular. Não concordo com tal medida. Fora que é um preconceito jogado na cara do torcedor, que muitas vezes encontra na organizada um lugar aonde ele vai se divertir mais e apoiar seu time de uma forma diferente. Isso é como tratar um bandido, um animal”.
Opinião de Jairo Brito, integrante da Estopim da Fiel.
“Não vejo sentido em separar esses torcedores dos demais. É inviável. Até porque os estádios não oferecem suporte para isso. Nos jogos de lotação máxima, por exemplo, o torcedor não-organizado seria prejudicado”
Opinião de Émerson Favaro, palmeirense, “torcedor comum”.
“Por que no mesmo momento em que eu passar a catraca, a polícia já vai saber tudo da minha vida, possuindo até uma amostra da minha voz, e um outro torcedor, sem cadastro, que pagou no ingresso o mesmo valor que eu, vai ver o mesmo jogo, usar o mesmo banheiro, passa a catraca e fica no anonimato? Então, eu sou um torcedor problemático?”
Opinião de Ciro de Castilho, integrante da Gaviões da Fiel (foto)
E você, torcedor de organizada ou não, o que acha da medida?
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