quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Paz nos estádios: o exemplo da Inglaterra

O problema da violência no futebol não é exclusividade brasileira, haja vista o que aconteceu no último fim de semana na Nigéria. Mas há alguns países que já sofreram até mais do que nós com brigas entre torcidas e mortes em estádios e conseguiram superar o desafio de devolver a tranquilidade aos amantes do esporte.

O caso mais emblemático de solução da violência ocorreu na Inglaterra no final do século XX. Vale relembrar o que aconteceu, principalmente para tomarmos como referência para o Brasil.

Mas antes de serem tomadas medidas aqui, é importante que se entenda a relação histórica do futebol com o povo brasileiro, e nossas diferenças em relação aos outros países. Nem sempre o exemplo de fora se encaixa perfeitamente em nosso país.

O Relatório Taylor
Hoje quando assistimos ao campeonato inglês nos surpreendemos com a presença maciça de torcedores em todos os jogos e a ausência de alambrados para separar a torcida do campo. Mas nem sempre foi assim na “terra da rainha”, que já sofreu muito com ação de hooligans. Uma verdadeira revolução no futebol inglês começou com o – nem tão famoso como deveria ser – Relatório Taylor.

O documento é de autoria do juiz Peter Taylor, responsável pelo inquérito da tragédia de Hillsborough, quando 95 torcedores do Liverpool morreram esmagados em um jogo da Copa da Inglaterra contra o Nottingham Forest em Sheffield, em abril de 1989.

Na ocasião, milhares de torcedores do Liverpool sem ingresso se aglomeraram em uma das entradas do estádio. A polícia abriu o portão e todos esses torcedores tentaram entrar. Como a arena já estava lotada, quem entrava pressionava os outros contra o alambrado. Os policiais não permitiram imediatamente a invasão do campo, única medida que poderia ter evitado as mortes.

Assim, uma das primeiras sugestões do Relatório Taylor foi eliminar dos estádios os alambrados. Viram que é melhor um torcedor invadir o gramado do que dezenas morrerem esmagados.

Outra sugestão foi a numeração de todos os assentos de todos os estádios. Quem não cumprisse a norma perderia mando de campo por 4 anos.

Dentre as 76 recomendações, o relatório também previu a criação de artigos específicos na lei para punir vândalos e uma maior abragência das operações policiais para dias de jogos.

Enfim, Peter Taylor percebeu que era preciso atuar sob uma legislação adequada, que responsabilizasse não só torcedores infratores, mas clubes, policiais, federações e autoridades políticas. Foi, assim, talvez o principal responsável por uma verdadeira revolução no futebol inglês.

O Football Act
As recomendações de Taylor contribuíram para uma queda significativa dos índices de violência no futebol, mas não erradicou o problema. Por isso, as autoridades do país não deixaram de endurecer a legislação contra vândalos e brigões.

O chamado Football Act foi aprovado em 2000 e traz novas medidas contra a violência.

Um torcedor preso por criar confusão em uma partida de futebol, por exemplo, pode ser impedido de voltar aos estádios por até dez anos, mesmo sem antecedentes criminais. Os torcedores impedidos de comparecer aos estádios ingleses devem se apresentar à justiça 24 horas antes dos jogos e também são proibidos de deixar o país.

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