sexta-feira, 3 de julho de 2009

Racismo no Olímpico – Parte II

Na semana passada comentei aqui um caso de racismo no estádio Olímpico em Porto Alegre. Na ocasião, um torcedor chamou a polícia após sofrer ataques racistas de um outro torcedor gremista em uma discussão, durante a partida entre Grêmio e Goiás, pelo Brasileiro.

Nos comentários, um leitor postou anonimamente:

“Imagina se em cada greNAL os torcedores do INTER fosse chamar a polícia por sofrer ofenças racistas? Não haveria mais torcedores do gfpa nos estádios(se a lei fosse cumprida).Um cantiga "inocente" muito conhecida diz:"CHORA MACACO IMUNDO que nunca ganhou de ninguem...."

Logo abaixo, respondi:

“O fato de as ofensas racistas serem comuns no Olímpico não diminui o crime de racismo cometido pelo torcedor. E se em cada Gre-Nal os torcedores do Inter denunciassem esses casos de racismo, não conviveríamos no futuro de forma passiva com tamanho preconceito e discriminação.”

Pois bem, nesta quinta-feira, durante a partida entre Grêmio e Cruzeiro, o racismo manifestou-se novamente no Olímpico. Torcedores tricolores imitaram som de macaco para ofenderem o zagueiro Leonardo Silva e Elicarlos. Este último, aliás, havia acusado o atacante argentino Maxi López de racismo no primeiro jogo da semifinal.

O presidente gremista Duda Kroeff classificou como lamentável o ato de alguns torcedores e disse que vai tentar identificá-los para bani-los do Olímpico. Só que a diretoria do Grêmio, alguns jogadores e o próprio técnico Paulo Autuori são de certa forma responsáveis por esse ato de hostilidade contra os atletas cruzeirenses.

Depois do episódio envolvendo Maxi López e Elicarlos, todos eles se prontificaram a defender o argentino e tentar transferir a culpa do ocorrido para o Cruzeiro. Isso sem falar nas declarações irresponsáveis de Souza (“futebol é para homem”) e de Autuori (“não existe racismo no futebol”).

Nada tira a culpa dos torcedores racistas que imitaram macacos no Olímpico. Se identificados, eles devem sofrer punições severas, como prevê nossa Constituição. Mas pessoas que têm o poder da palavra no futebol e o usam para negar a existência do racismo ou desqualificar essas denúncias de preconceito, contribuem consideravelmente para a permanência desse mal que aflige a sociedade brasileira, dentro e fora dos estádios.

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