Clube empurra para a BWA o ônus pelos bilhetes falsificados na final do Paulista.
Empresa diz ter feito seu trabalho, mas sugere que sistema "mais moderno" poderia ter evitado a fraude na decisão no Pacaembu.
Da Folha de S.Paulo
Um dia depois da grande confusão provocada pela enxurrada de ingressos falsos na decisão do Paulista, Corinthians e BWA, a empresa que confecciona e comercializa os bilhetes, fazem jogo de empurra na apuração dos culpados pelos transtornos no jogo.
O clube, apesar de mandante da final contra o Santos, no Pacaembu e, de acordo com o Estatuto do Torcedor, ter responsabilidade pelo o que ocorre na partida, se exime de qualquer culpa relacionada às entradas falsas e joga para a empresa que contratou o ônus do caso.
Já a BWA diz ter feito seu trabalho e aproveita a confusão para promover seu mais moderno sistema de venda e controle de bilhetes, classificando-o como a única coisa capaz de evitar novos tumultos como os de anteontem, no estádio municipal paulistano.
"Os ingressos não chegam nas nossas mãos. A venda, o controle nas catracas, tudo é feito pela BWA", afirma Lúcio Blanco, supervisor de arrecadação do Corinthians. "Só recebo os ingressos que peço para setores especiais, como para a venda dos pacotes da Timão Tur", complementa.
Segundo Blanco, o clube pretende conversar com a empresa para apurar o que ocorreu.
Para Bruno Balsimelli, executivo da BWA, a única solução para evitar novos problemas com venda de ingressos falsos é a implantação do sistema desenvolvido pela empresa, que usa um cartão recarregável e pessoal, adquirido pelos torcedores após um cadastramento no site da Ingresso Fácil.
"No domingo, 170 já utilizaram esse sistema para ver a final", diz Balsimelli.
O empresário contesta o alto número de ingressos falsos. Segundo ele, pouco mais de 10 pessoas deram queixa no Jecrim. "Elas disseram que haviam adquirido nas bilheterias, na quarta-feira à tarde. Mas as bilheterias fecharam por volta de 9h30 da manhã. Depois, confessaram que compraram de cambistas", afirmou.
A versão é confirmada por Lúcio Blanco, exceto pelo horário do término das vendas. Segundo o dirigente corintiano, as bilheterias fecharam entre 11h30 e 12h da quarta-feira.
Os ingressos falsos, segundo Balsimelli, teriam sido confeccionados em Santos.
Tudo isso gira em torno de uma partida em que o Corinthians pagou mais caro para a BWA lhe prestar os serviços relacionados a ingressos.
Segundo o borderô divulgado ontem no site de Federação Paulista de Futebol, o clube debitou R$ 178.388,50 da renda como custo de ingressos. Isso equivale a mais de R$ 5,00 por entrada vendida.
O custo do duelo derradeiro do Paulista para o Corinthians, como mandante, foi bem mais alto do que, por exemplo, o jogo em que o time recebeu o São Paulo, no mesmo estádio e contratando os serviços da mesma empresa, pelas semifinais.
No jogo de ida dos primeiros mata-matas, diante do time do Morumbi, a BWA cobrou R$ 108.026,00 pelo serviço, conforme também consta no borderô oficial daquele jogo. Isso significa que a empresa recebeu pouco mais de R$ 3,50 por bilhete vendido naquela semifinal do Paulista.
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