Vi hoje uma matéria muito legal do meu amigo Rodrigo Farah, repórter do UOL, sobre o trampo dos vendedores ambulantes dos estádios.
O Farah viveu o cotidiano de um ambulante por um dia, vendendo dog no Parque Antarctica durante um jogo e contou brilhantemente como é o trabalho dos caras. Vale a pena conferir. Jornalismo de primeira.
Repórter do UOL vira ambulante por um dia no Parque Antarctica
“Os ambulantes. Coadjuvantes do esporte, que estão presentes nos estádios desde os primórdios do futebol. Movido pelas histórias dos personagens, fui convocado pelo UOL Esporte para sentir na pele como é a vida desses vendedores, que trabalham no limiar da obrigação e da paixão. E acabei descobrindo que esta é uma função bem mais complicada do que eu pensava.
Minha missão era simples. Passar uma noite com o jaleco azul no meio da torcida para vender o máximo de produtos que conseguisse. Assim que cheguei ao Parque Antarctica, duas horas antes do jogo, percebi que não teria vida fácil. Um forte temporal assolou o estádio e precisei ouvir dos meus novos companheiros. “É normal. É ruim para as vendas, mas precisamos trabalhar na chuva”.
Quando encontrei a central dos ambulantes, fui bem acolhido pela maioria e pelo casal Vladimir e Bete, que comanda a ação dos vendedores nos principais estádios da capital paulista. Estava com receio de ficar fora das conversas, mas isso não aconteceu. Eles me indicaram o caminho e, quando menos percebi, já trajava a roupa e estava pronto para a minha nova profissão. O problema veio quando descobri a tarefa que teria pela frente: vender 20 cachorros-quentes em uma noite fria e com poucos torcedores no estádio alviverde. O preço também não ajudava: R$ 4. Pensei ‘talvez essa não seja uma ideia tão boa assim’ e segui em frente.
Logo ao sair da central, cruzei com um segurança do Palmeiras que normalmente cumprimento quando vou ao estádio. Ele me olhou e passou reto. Não me reconheceu, ou pelo menos foi isso o que eu quis acreditar. Mas na verdade, logo me deparei com o verdadeiro sentimento que ditaria boa parte da minha noite: o isolamento.
Quando você é um vendedor ambulante em atividade raramente é notado. Poucos são aqueles que o olham quando passam ao seu lado, com exceção dos momentos em que desejam comprar algo de você, o que não acontecia comigo até então.
Após rodar quase toda a arquibancada à procura de um comprador, acabei frustrado e decidi ir para uma das entradas, já que o fluxo de pessoas ainda era grande. Decisão correta. Após ficar alguns minutos no portão, tentando vender e ao mesmo tempo conversando com outros ambulantes, finalmente tive sucesso. Um rapaz gritou “quem tem dog?”, e eu fui correndo feliz para concretizar minha primeira venda.
Depois disso, fiquei empolgado, mas percebi que ainda teria muitas dificuldades para continuar as vendas. A cada 50 berros de “Olha o dog!” conseguia um comprador. Ás vezes, até dois. Mas segui animado e voltei a circular o estádio no decorrer da partida.
No meio das perambulações no Parque Antarctica deparei-me com o humorista Marquito, torcedor presente na maioria dos confrontos do Palmeiras. Após certa insistência, ele aceitou comprar um cachorro-quente e mandou para dentro logo em seguida. Pouco tempo depois, ouvi um berro: “Ei garoto!”, era um outro cliente, que veio me devolver na frente dos filhos o troco extra que havia lhe dado anteriormente. Agradeci a ação e segui em frente.
O tempo durante a partida passou da maneira mais rápida possível. Quando percebi já estava no meio do segundo tempo. Foi quando decidi olhar minha caixa de produtos e fiquei aliviado. Tinha apenas mais dois cachorros quentes. “Vou vender mais um e pegar o outro para mim. Nada mais justo”, pensei.
Até que dois meninos me abordaram e falaram: “Dois dogs, por favor”. Pois é, não seria dessa vez que eu teria minha recompensa. Ao menos, cumpri a missão voltei para a redação contente, a não ser pelo calo no pé direito que ganhei após a jornada. E o lucro? O lucro foi de R$ 16 muito bem ganhos após a noite dos 20 cachorros-quentes.”
Aroeira e o unicórnio indiciado
Há 14 horas
3 comentários:
Muito obrigado Arnaldinho.. tive bons professores como vc e o Mituti.... e bons alunos como o Camarao.
hahaha
Abs
Hahahaha
Minha modéstia e humildade não permitem retrucar tal asneira.
Mas como a ironia está no ar, agradeço ao meu mestre de leads precisos e vestiários chamativos!
Hahahaha
Esse é o Farah, o homem que descobriu Pedrão e ressussitou o humorista (???) Marquito.
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